21 de agosto de 2009

"Não quero mais medir tuas decepções e peneirar as tuas expressões, para ver se te acho inteiro. Mas parece que você insiste em continuar no meu quarto, e que quando abrir um livro, lhe verei me encarando com teu ar blasé. Você diria: 'O que eu posso fazer, baby? O que eu deveria ter feito?' Mas é tarde demais. Eu não acredito mais em você. Então pare de beliscar as bordas do meu coração. Coloque tuas idéias fracas no devido lugar, por favor. Aceite a parte que lhe resta e o preço por ter se calado enquanto eu te chamava, e vá embora de vez. Coloque as palavras covardes no devido lugar e, por favor, desvie teus olhos de mim.Eu tive que reciclar pensamentos, sentimentos, lembranças e poemas para me livrar da tua ausência. Mudei o caminho para não me encontrar com a tua confusão. E depois de horas, dias, semamas e meses de espera transformada em textos viscerais, larguei as cartas no banco de trás. Me desfiz de laços, abraços, descosturei emoçõezinhas e deletei tuas frases do meu diário. Desfiz.Parei de te olhar para não me ver olhando você. Parei de te olhar para não te ver cego, sumido, escondido; dizendo que tem medo e que é covarde. Parei. Eu acelerei o motor, apaguei fogo com gasolina e rasguei a minha boca grudada na tua, para não sentir-me congelar com o espasmo da tua despedida. Finalmente.Eu poderia ter te amado para sempre e poderia te desejar ao meu lado até que o meu coração saísse inteiro do meu corpo. Mas há sempre o momento para isso ou aquilo, e houve, enfim, o momento para pintar de branco o teu sorriso na minha fotografia. Então, querido, não venha agora cobrar a minha presença em teu olhar, se foi a tua ausência que me fez sentir, rasgar e partir."