22 de março de 2009

" Não sou mulher de um homem só. Sempre busquei no perfume de outras bocas e nos fluidos de outros corpos respostas que me explicassem. Tu sabes, nunca escondi a verdade.
Não aposte todas suas fichas em mim e nem queira pagar para ver quais cartas trago nas mãos. Eu sou o mais puro blefe, querido. O coringa que antecede a batida.
Entenda: não quero compromisso. Ser livre é a minha lei. Não queira burlar as regras, não as minhas. Não busco um homem para chamar de meu, e apesar de já ter feito o papel de boa moça para alguns, me falta vocação – não tenho mais estômago e o talento é mínimo.
Até entendo sua expectativa, eu também já senti coisa parecida. Mas sinto estragar seus planos, não serei sua exclusividade. Esqueça a idéia de me apresentar aos amigos, de marcar programas em família. É como pedir para que eu vá embora para sempre.
Tu sabe dos homens que me bajulam. Mas confesso que nunca antes, nenhum outro me propôs compromisso. Nunca um elo que não o sexual. Sempre viram em mim o descompromisso do dia seguinte. Você sabe que essas aventuras me atraem, não vou ser hipócrita e dizer que são todos uns aproveitadores. Sou conivente com o crime. Mas o seu gesto, comparado a todos os demais, me tocou. De verdade. Não pensava mais que pudesse despertar isto em alguém. Desaprendi a lidar com essas coisas. Sentimentos, você sabe do que falo.
Porém, quando sentir saudades me procure. E prometa continuar sendo aquele louco que conheci - que só pensava em sexo e desejava o descompromisso do dia seguinte. Enquanto esse dia não chega, vou ficando com os efeitos que a ausência do seu corpo causa ao meu. "