7 de março de 2009

Na verdade, na cara de pau, numa expressão clara de capa de livro velho, o que eu quero mesmo é te deixar falando, e repetindo, e questionando, e discutindo, pra ver se entende, pra ver se descobre, por fim, o que é que eu vivi das coisas que você não sabe.
Posso falar. Posso te pegar no pulo, na certeza, na mesma cara falida de prepotência, de insaciedade. Para ver sair dos teus olhos sujeiras que não possam ser varridas. E, escute; eu nem te quero escondido. Pode ficar aí, aí onde você pensa ser seu refúgio. Eu te vejo emparedado, petrificado, num sorriso pronto e programado para dias como estes. Só porque acha, suspeita, lá no fundo sente, que eu vou aparecer também. No meio da multidão que ferve, que queima quase tanto como eu. Que de cinzas frias não vivo mais nem por uma hora. Que de pueira de passado, não me faço mais vulnerável ao vento.
E você vai saber. Vai descobrir, também sem vergonha na cara, que o que me pulsa, o que me põe de pé, não é a claridade das coisas possíveis de serem ditas. Mas a imundice do que não precisa ser explicado.