31 de dezembro de 2009

"Me coloca nos olhos para sentir mais perto. Repito o verbo, minha síntese é o que dá para sentir no dia seguinte também. Me coloca na boca para enxergar por dentro. Meus sentidos são palavras que explodem conforme eu não penso.
Pergunto se está pronto para isso, se está tudo bem ver a coisa acontecer de perto, se dá conta do abraço, se sobrevive depois do beijo, se a minha nuca também enrosca na sua assim como suas costas me agarram. Eu espero uma resposta.
Me coloca no colo para me ver falar baixinho quando as palavras forem altas e te tocarem no rosto. Me olha pertinho, seus olhos podem me fazer só sua, antes mesmo de ser sua. Me faça sua em proximidade.
Idéias arrastando lágrimas que escorrem para o passado. Melhor assim. Eu me despeço das coisas antigas que um dia lavaram os meus pés. Coração purificado, mas forte. Peito aberto, hoje.
Me coloca ao teu lado na sala mais cheia de pessoas. Minha mão na sua na hora do parabéns, do natal, da sua mãe contar uma piada. Eu quero ouvir a raiz do seu íntimo. Não me importo com a delicadeza, com o silêncio de 3 ou 4 instantes de atenção só no jeito de chegar e te ter. Me faça sua com o espírito de penas de anjos e lábios apertando os meus.
Me coloca nas pernas para sentir na pele. Me coloca no ombro para me embriagar de cuidado. Me coloca na altura simples da realidade para me fazer sua em cumplicidade.
Te chamar é abrir as mãos, assim como minhas janelas e portas postas a frente de um outro mundo. Meu sangue aceita tua confissão de pecados e despedidas anteriores. Te chamar é desdobrar-me em interiores para fora. E eu chamo."