19 de abril de 2009

Para quando tu for embora de mim eu guardei um tom lilás de mudança - qualquer coisa entre o azul e o vermelho, nem feliz nem triste, calmo. Tranquilo. Eu guardei uma paz sutil como a lucidez que se insinua cuidadosa entre as pulsações de um coração agressivamente cego, coração ferrão de vespa que investe, fere, se deixa ficar e nem sabe que é ela a causa e o efeito da própria dor. Eu não tenho mais sonhos de vidro, os deixei por aí - para que, quando tu for embora de mim, eu não mais fira os meu dedos com tantos cacos. Eu guardei, para quando tu for embora, um sorriso intacto, de mim para mim, desmemoriado, de existência presente e egoisticamente apenas minha - que o que passou não existe mais; eu guardei, em algum lugar entre o azul e o vermelho da mudança lilás derramada sobre o dia, um instante que me revelaria ao pé do ouvido quando tu já não estivesse aqui, e hoje eu ouço esse sussurro suave e lento feito canção.
Para quando tu for embora de mim eu me guardei, inteira.