29 de novembro de 2009

"Aperte os punhos, meu bem.
Aposto que irá se zangar ao perceber que não me fez bem.
Mas agora chore. Primeiro eu quero que você se estoure!
Sinta-se perdido em suas idéias fracas. Argumentos banais para um homem passivo demais. Porque a verdade é que eu odeio isso em você. É, eu odeio essa sua cara de assustado quando eu digo algo sobre a mim. Sabe aquela expressão intensa que escancaro em meus lábios ao sentir-me contente demais? Mas não por você. Nunca é por você. E sabe aquele dia em que eu disse que iria morrer de saudade se você não batesse em minha porta? Pois é, eu estava mentindo. Sabia desde o começo como seria a nossa despedida. Você aí parado cavando um buraco em seu peito e eu vestida de preto. Sim, de luto. Mas não por você, é claro. Eu é que morri. Aquela menina que você abraçava só com os dedos do pé enterrou-se no quintal, afogou-se na piscina, atirou-se da janela e voou. Porque meu bem, renascer é como aprender a voar. E você não sabe, mas eu sei a leveza que isso dá.
Mas agora que já arranquei de mim o vestido preto e deixei-me nua em frente ao teu desespero, peço que feche a porta e leve consigo apenas o meu silêncio."