12 de julho de 2009

"Eu não te chamaria de amor. Tua sede é rasa e é frágil. E meu corpo não seria capaz de abrigar todos os teus cemitérios de amores em vão. Todas as tuas conquistas pela metade e teus lamentos de homem confuso. Te amo sim, mas isso não te nomeia 'amor meu'. Tu é a beleza de um passado antigo. Nostalgia de amor inacabado. Sentimento puro de saudade encerrada. Pela metade, pois em metade te vi partir. Tu é homem cego, dono de olhos castanhos. Paixão que dilata meu peito estufado de questões e pecados sem respostas, sem perdão. É minha má companhia, meu tesão fora de hora. Sempre combinando com sábados quentes. Repito: tu é meu perigo certo. Minha vontade absoluta. Mas não te chamo, te clamo ou soletro teu nome curto. Tu é folha em branco escrita com tinta vermelha. Mas não é meu ombro, braço ou colo. Tu é escudo, apenas. E eu me apaixonei pelas tuas horas vivas, não por teus carinhos sujos. Eu não te chamaria de amor. E então te amo. Mas como veio, e não como foi."