21 de outubro de 2009

É estranho. Passei mais de um ano com uma idéia fixa na cabeça, com um desejo insaciável, com sonhos e mais sonhos. Canalizava todas as minhas energias pra tentar conseguir o que eu queria e só enfrentava uma decepção atrás da outra. Enfrentei momentos de profunda depressão, tentei fazer de tudo, me refugiei em todos os extremos. Tentei pensar demais, tentei não pensar em nada, tentei ficar em casa, tentei sair e me embreagar todas as noites, tentei ficar sozinha, tentei ficar com o mundo todo ao mesmo tempo, tentei criar algum tipo de compromisso, tentei chorar, tentei me fazer de forte, tentei falar tudo, tentei esconder o jogo. Mas no final nada adiantava, bastava uma palavra pra que tudo voltasse ao normal. Eu estava presa num poço e confesso que nunca tinha visto nada igual. Aquilo pra mim era amor, era o único tipo de amor existente, era amor de uma vez só na vida.
Até que eu me acostumei, passei a ficar bem. Só eu e meu amor não correspondido. Aquilo era bom, eu não precisava de ninguém. Eu já tinha aquilo que todos procuram, já sentia todo aquele grande sentimento, não precisava de companhia, não precisava de reciprocidade. Eu tava legal, só as palavras mensais me satisfaziam, a ausência delas também. Bobo era ele que não amava. Tudo ok.
E foi então que eu passei a olhar mais ao meu redor, passei a perceber mais as coisas. O mundo era tão maior do que eu imaginava. O tal amor me cegava e eu fui voltando a enxergar aos poucos. Outros foram ganhando meus sorrisos, minhas promessas finalmente sinceras. Se ele tava com outra agora, tudo bem. Eu gostava de estar sozinha, eu gostava de estar com meus amigos, eu gostava de estar com meninos novos ou meninos velhos. E foi aí que eu comecei a perceber que era ridículo gritar na janela alheia numa madrugada de domigo, que por mais que você queira, certas coisas nunca vão acontecer.