31 de dezembro de 2009

"Me coloca nos olhos para sentir mais perto. Repito o verbo, minha síntese é o que dá para sentir no dia seguinte também. Me coloca na boca para enxergar por dentro. Meus sentidos são palavras que explodem conforme eu não penso.
Pergunto se está pronto para isso, se está tudo bem ver a coisa acontecer de perto, se dá conta do abraço, se sobrevive depois do beijo, se a minha nuca também enrosca na sua assim como suas costas me agarram. Eu espero uma resposta.
Me coloca no colo para me ver falar baixinho quando as palavras forem altas e te tocarem no rosto. Me olha pertinho, seus olhos podem me fazer só sua, antes mesmo de ser sua. Me faça sua em proximidade.
Idéias arrastando lágrimas que escorrem para o passado. Melhor assim. Eu me despeço das coisas antigas que um dia lavaram os meus pés. Coração purificado, mas forte. Peito aberto, hoje.
Me coloca ao teu lado na sala mais cheia de pessoas. Minha mão na sua na hora do parabéns, do natal, da sua mãe contar uma piada. Eu quero ouvir a raiz do seu íntimo. Não me importo com a delicadeza, com o silêncio de 3 ou 4 instantes de atenção só no jeito de chegar e te ter. Me faça sua com o espírito de penas de anjos e lábios apertando os meus.
Me coloca nas pernas para sentir na pele. Me coloca no ombro para me embriagar de cuidado. Me coloca na altura simples da realidade para me fazer sua em cumplicidade.
Te chamar é abrir as mãos, assim como minhas janelas e portas postas a frente de um outro mundo. Meu sangue aceita tua confissão de pecados e despedidas anteriores. Te chamar é desdobrar-me em interiores para fora. E eu chamo."

27 de dezembro de 2009

03:10
Chove aqui dentro.
Chove lá fora.

25 de dezembro de 2009

Igual a uma tela branca sem fim e eu lá no meio, o tempo todo me dedico a resistir no tempo. Falta o ar que me sobra o medo e meu pedaço inteiro não satisfaz meu recheio. Leio as besteiras que escrevo. Escrevo. E enquanto eu passo o meu passo apertado de um lado pro outro vou buscando alívio neste ato. Deixo-o, assim, por registrado. Porque quero alguém que não vejo há tempos. Mas quero o caminho. E é de querer quem quer que seja que não vejo nada além. Estou perdida em frases. Nesta estrada estreita. Entre uma lua torta e outra cheia.

22 de dezembro de 2009

Tem dias em que não existe álcool no meu próprio sangue, nem boa intenção alheia, que desvencilhe meus comentários de um tom desagradável e mau. E ainda que eu tenha sinceramente em mente o fato certo de que tais dias, e seus comentários maus, não correspondam à minha verdade interna, o mais natural é que todos pensem que finalmente lhes revelo parte da pessoa que eu realmente sou.
Assim como o aquecimento global sinaliza catástrofes inevitáveis para um futuro próximo, prevejo que, pela rabugice da minha boca grande, muito brevemente, eu estarei completamente sozinha.

21 de dezembro de 2009

Não é só pelo seu cheiro que me faz entontecer. Nem só pelo toque que me faz derreter. Nem mesmo pelos beijos que disseminam a minha razão. Ou pelo gosto que faz acelerar o meu coração. Mas é sim por esse amor que me cura. Por toda a loucura que me provoca. Pela mão que me segura. E pelo abraço que me acalma. Por todo desalinho que me causa. E pela alegria que me enfeita. Por cada sorriso que me incita. E por essa felicidade que é assim tão minha. Pelo perigo que me atrai. Pela sorte que me dá. Pela proteção que me envolve. Pela paciência que resolve. Pela força desse verbo que é inesgotável. E por tudo mais que esse sentimento tem de inexplicável. E te digo, meu bem, que todo o tempo ainda que muito é muito pouco quando se trata de nós dois.

6 de dezembro de 2009

Sem dúvidas o melhor foi acordar ao seu lado, não estou (nem sou tão louca a esse ponto) desmerecendo o antes, o começo, mas é perfeito acordar assim, olhando você, vendo essa boca, esse nariz, seu queixo, seus cabelos desgrenhados...Olhar você é me ver também, ver sua calma, sua tranquilidade, seu ar de bom sono, faz com que eu fique quietinha, mau respiro, não quero que você acorde, quero continuar fascinada com o que vejo, quero cantar pra você, carregar você nos braços do sono e te dar um beijo de bom dia.

3 de dezembro de 2009

Se tu cortasse minha barriga agora, sairiam passarinhos levando cartas de amor pra quem quisesse ler. Porque o amor tem que ser assim, grande e livre e pra todo mundo. Aí eu vestiria a tua pele, esta que me cai tão bem, e dançaria o carnaval até me acabar em poça d'água, e então viraria vapor, pra virar nuvem, pra virar chuva. Então na tempestade eu pegaria na tua mão pra voar e caçar redemoinhos, desses que ressoam no corpo como esta vertigem que nasceu no estômago depois que eu te vi.