3 de julho de 2009

"Cheia de boas intenções. Sempre fui cheia de boas intenções. Envolvia-me com donos de corações supostamente puros, e acreditava nessa babaquice toda de príncipe encantado e vestido branco. Quer dizer, até acredito em vestido branco, mas não dessa forma piegas que dizem ser a certa.Vestido branco a gente usa em qualquer lugar. Casamento acontece em qualquer lugar.
Tá cheio de ripongas do século XXI convidando pra casamento na praia. Aquela coisa toda de vento, bolo com gosto de maresia e tiozinho mal-avisado vestindo sapato na areia. Mas casamento é isso. E quando é para amarrar dois pescoços com um laço só, tiram dinheiro até de onde não tem. A questão é o que fazer nas próximas semanas. No sábado a mulher quer colocar bob no cabelo e o maridão inventa de tirar o pijama ás 4 da tarde. A discussão do fim de semana resumi-se a: pedir pizza ou comida japonesa. Já que sair para jantar está fora de cogitação. A grana anda curta por causa da festa de casamento, e a mulher, que trabalhou a semana inteira, além de lavar a roupa, não quer cozinhar nem a pau. Mas, tá, eu sei. Tem o travesseiro com o cheiro dele do lado, a camisa amassada em cima da cama e ao abraço quente depois da chuva. Mas eu fico aqui pensando que o tal cara que vai me ver chorar e gargalhar na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, está perdido em algum planeta distante jogando video game. Mas não, não que o cara seja cópia de um daqueles bonecos namorados na barbie. Sabe? Aquele tipo: 'malho o glúteo quatro vezes por semana, tenho pele-bunda-de-nenem, e no fim de semana vou pra night!'. Não. Porque estranho é o fato de algumas mulheres sonharem com um homem perfeito. Eu não. Prefiro o cara que acorda no domingo com a barba pra fazer, soa depois do futebol e fica tímido na hora de me elogiar. O tipo que lê Vinícius de Moraes sem a pretensão de parecer piegas. Porque eu bebo cerveja, escuto música de macho e não sei se vou casar de branco. Sabe como é."